Mudança de comportamento do consumidor
O aumento da inflação em muitas das grandes economias criou uma crise do custo de vida que está a levar muitos consumidores a reavaliarem, e mesmo a mudarem drasticamente os hábitos de consumo. Entre abril e julho de 2022, quase três quartos dos consumidores nos EUA procuraram marcas lower-cost ou produtos de baixo preço. A pressão recai, assim, sobre as marcas para que se mantenham atrativas para os consumidores, dada a difícil conjuntura económica.
As famílias de rendimentos mais elevados vão ser menos afetadas por esta crise do que as famílias de rendimentos mais baixos, e vão continuar a comprar, em particular, bens de luxo. As famílias de rendimentos mais baixos vão procurar reduzir ou mesmo eliminar os gastos com artigos de moda.
Reorientação regional
O cenário económico incerto significa que as empresas de moda vão reavaliar as geografias onde operam, preterindo certos países ou regiões por outros que oferecem um maior potencial. Nomeadamente, a economia na China – há muito considerada um motor de crescimento da indústria – deverá abrandar em 2023, com o PIB a subir apenas 3,2%, em comparação com um aumento de 8,1% em 2021, levando alguns executivos de moda a procurar oportunidades noutros locais, pelo menos a curto prazo.
Ao identificar mercados com as mesmas ou mais promissoras perspetivas de crescimento em 2023 do que no ano anterior, 88% dos executivos evidenciam o Médio Oriente. O mercado de luxo no Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) deverá gerar 11 mil milhões de dólares de vendas em 2023, com 60% dos gastos em luxo pelos consumidores do CCG a ocorrerem internamente. Além disso, espera-se que 50% dos executivos de moda aumentem a presença das suas empresas na América do Norte, no próximo ano. No geral, prevê-se que o comércio retalhista nos EUA encerre 2022 com as vendas no valor mais elevado das últimas duas décadas. Ao mesmo tempo, o Japão e a Coreia do Sul estão a renovar a sua reputação como motores de crescimento de confiança na região da Ásia-Pacífico.
Luta contra o greenwashing
Ao mesmo tempo, 79% dos executivos de moda apontam a falta de normas a nível da indústria que os ajudem a avaliar o seu desempenho em termos de sustentabilidade como o maior obstáculo para melhorar a forma como os consumidores encaram os seus esforços.
Novas regulamentações que proíbam o greenwashing exigem uma maior vigilância por parte das marcas sobre a informação de sustentabilidade que partilham. Por exemplo, em França, a nova legislação prevista para 2023 irá exigir que as marcas coloquem etiquetas no vestuário e nos têxteis com a "pontuação" ambiental de cada artigo, a fim de ajudar os consumidores a tomarem decisões de compra mais informadas.