O resultado líquido do Grupo Altri atingiu os 123,7 milhões de euros, um aumento significativo face aos 24,7 milhões registados em 2020. Os resultados excluem o negócio da energia, da GreenVolt, que passou a ser considerada “Operação Descontinuada” devido à operação de separação de negócios que está em curso.
O desempenho financeiro foi fortemente impactado pelo recorde de produção de fibras celulósicas, mas também pelo aumento das vendas, num período marcado pela alta dos preços da pasta nos mercados internacionais. Assim, as receitas totais do Grupo Altri atingiram os 793,4 milhões de euros em 2021, um crescimento de 38% face a 2020.
Os custos operacionais registaram um crescimento de 18,6%, contudo o EBITDA atingiu 227,7 milhões de euros, um aumento de 132,7% em termos homólogos.
“O ano de 2021 foi mais um ano de forte crescimento para o Grupo Altri. Apesar de todas as condicionantes derivadas da pandemia, com elevadas restrições ao nível da logística em termos globais, conseguimos mais uma vez superar-nos, alcançando níveis de produção de fibras celulósicas, mas também de volume de negócios, sem paralelo na história da nossa Companhia”, refere o CEO, José Soares de Pina, na mensagem que acompanha a divulgação dos resultados.
Apesar da redução da procura de pasta pelo mercado chinês, a procura acelerou na Europa em cerca de cinco pontos percentuais. Nas unidades de produção de pasta do Grupo Altri -- Celbi, Biotek e Caima -- registou-se um recorde de produção e vendas nos 12 meses de 2021. Foram produzidas 1,126 milhões de toneladas de pasta (mais 2,2% face a 2020). As vendas no mesmo período atingiram também um recorde, registando cerca de 1,153 milhões de toneladas (aumento de 5,0% face a 2020), com os mercados externos a absorverem 996 mil toneladas, o equivalente a 86% do total.
No segmento de pasta, a Altri continua a sentir uma forte procura na Europa no início de 2022, especialmente para uso final de Papel de Impressão e Escrita (P&W). Havendo baixa disponibilidade, e níveis baixos de stocks nos portos Europeus, foram já anunciados dois aumentos de preços para fevereiro (30 dólares) e para março (30 dólares), elevando o valor para 1.200 dólares/tonelada.
O negócio está a ser afetado pelas restrições logísticas globais assim como pelas greves prolongadas no Norte da Europa. “No lado dos custos, a inflação generalizada dos fatores produtivos é um desafio que pretendemos gerir da melhor forma possível”, refere o comunicado.
O projeto da Galiza avança com o arranque dos estudos ambientais, viabilidade económica e engenharia, estando prevista a construção de uma unidade industrial de raiz com uma capacidade produtiva anual de 200 000 toneladas de pasta solúvel e fibras têxteis sustentáveis.
A separação dos negócios da pasta e da energia.
O Grupo Altri decidiu avançar com o processo de separação dos negócios de pasta e energias renováveis. Foi realizada a avaliação interna dos impactos e das vantagens, e foi decidida a viabilidade da operação através da distribuição de ações GreenVolt, detidas pela Altri, aos acionistas desta. A decisão implicou já a desconsolidação do negócio da GreenVolt, nas contas da Altri, relativas ao exercício de 2021.
A separação dos negócios é “uma resposta adequada à evolução otimizada das empresas em causa, ajustada à realidade subjacente aos seus negócios próprios e às suas perspetivas de evolução”, refere a empresa em comunicado.
“O Conselho de Administração do Grupo Altri está certo de que a distribuição proposta merecerá a aprovação dos acionistas na Assembleia Geral de 2022, desde logo porque acredita que não só concordarão como considerarão essencial a separação total dos negócios da pasta e da energia renovável. Essa convicção é reforçada pela aprovação unânime que mereceu dos acionistas, uma distribuição similar que teve lugar na Assembleia Geral Anual de 2021, no contexto do Initial Public Offering (IPO)”, adianta o comunicado.
O Grupo Altri detém um número total de 52.523.229 ações da GreenVolt, representativas de 58,72% do capital social sendo que, desse número total, 18.750.000 ações são detidas por via indireta, através da subsidiária Caima Energia.
A Altri está a desenvolver um processo de reestruturação interna em consequência do qual se tornará titular direta da participação hoje detida pela Caima Energia. No entanto, essa vicissitude não impede que se avance, desde já, com a separação dos negócios. Neste sentido, nos resultados da Altri de 2021 já não refletem os resultados da GreenVolt, que é apresentada como “Operação Descontinuada”.
A GreenVolt, empresa líder na produção de energia renovável, assenta a sua estratégia em três eixos: biomassa residual renovável, desenvolvimento de projetos de energia solar e eólica e geração distribuída.
Estreou-se no mercado de capitais em 2021 através de um IPO bem-sucedido em junho, que a levou a ser promovida ao principal índice do mercado nacional, o PSI, em setembro.
O processo de distribuição da posição da Altri aos acionistas deverá ocorrer num prazo nunca superior a 30 dias a contar da data da deliberação em Assembleia Geral.