A Intergraf, federação das associações da indústria gráfica, adverte que a atual crise do papel terá graves repercussões no fornecimento de produtos impressos para todos os mercados económicos, colocando a recuperação da indústria em perigo.
“A indústria gráfica apoia todas as atividades económicas com os seus produtos, seja para informação, notícias, entretenimento, educação, publicidade ou embalagem. A impressão desempenha um papel importante no dia-a-dia – tanto que é frequentemente negligenciada. O nosso setor fornece as embalagens para bens no supermercado, os livros, jornais e revistas que lemos, bem como as caixas onde os nossos alimentos, roupas, gadgets e muito mais são embalados. Estes produtos são produzidos por 120 000 empresas de impressão em toda a Europa que empregam 600 000 pessoas e geram um volume de negócios de 80 mil milhões de euros”, refere a Intergraf.
Numa altura em que a procura pelos serviços gráficos já regressou aos níveis pré-pandemia, os clientes gráficos estão a deparar-se com aumentos vertiginosos nos preços devido à incerteza e indisponibilidade do fornecimento de matérias-primas.
As greves que acontecem em algumas fábricas no norte da Europa estão a causar constrangimentos em papéis de baixa e média gramagem, estimando-se que, em alguns países, 50% do fornecimento seja assegurado por um único fabricante. Tal pode levar à falta de cumprimento das gráficas para com os seus clientes no caso de haver escassez de papel.
A Intergraf diz ter um feedback de que não se consegue aceder a 40% do papel necessário a partir de meados de fevereiro. A incapacidade de imprimir causará grandes perdas financeiras para a empresa de impressão e para o cliente final, adverte. Isto implicará uma escassez previsível de muitos bens de consumo impressos e de alguns produtos, incluindo alimentos e medicamentos, que não podem ser colocados no mercado devido à falta de embalagens.
Beatrice Klose, Secretária-Geral da Intergraf afirma: "A impressão é uma parte essencial e importante do nosso dia-a-dia. Muitos cidadãos confiam em informações impressas. Para além de sermos um grande sector próprio, a nossa indústria e os nossos produtos apoiam os cidadãos, a cultura e todos os outros ramos económicos, de uma forma ou de outra. Este apoio está ameaçado pelas tensões atuais na cadeia de abastecimento."
A Intergraf exorta a indústria do papel a assegurar uma abordagem colaborativa e pede às autoridades europeias e nacionais que assegurem o fornecimento suficiente de matérias-primas (fibras frescas e recicladas) para permitir a produção contínua de bens essenciais, como embalagens, jornais, revistas, livros e outros produtos de impressão que sirvam os cidadãos no dia-a-dia.