A maioria das empresas portuguesas continua a não exercer o seu direito à cobrança de juros de mora, mesmo perante atrasos prolongados no pagamento de faturas.

De acordo com o Estudo de Gestão de Risco de Crédito em Portugal, promovido pela Crédito y Caución e pela Iberinform, 67% das empresas nunca aplicam juros de mora, enquanto apenas 2% o fazem de forma sistemática.

O estudo mostra que 38% das empresas iniciam ações de cobrança apenas após o vencimento da fatura, embora duas em cada três optem por adiar esse processo para evitar impactar a relação comercial com os clientes. Esta demora tem consequências diretas na eficácia da recuperação, já que a probabilidade de sucesso diminui com o passar do tempo.

A flexibilidade nos prazos de pagamento é igualmente evidente: 28% das empresas admitem atrasos superiores a 60 dias antes de classificarem um crédito como em atraso. Apesar da subida dos juros de mora para um máximo de 12,5% em 2024, e atualmente fixados em 11,5%,  o estudo indica que 98% das empresas que aplicam juros reclamam valores inferiores aos previstos por lei, o que demonstra um afastamento significativo entre a taxa legal e a prática empresarial.

No que respeita às metodologias de recuperação de crédito, as empresas que recorrem a serviços externos concentram-se maioritariamente em escritórios de advocacia (41%). As restantes soluções têm utilização muito reduzida: arbitragem (7,4%), cobrança telefónica (2,3%), presencial (1,7%) ou cobrança integral (0,6%).