A Bundesdruckerei GmbH e a Giesecke+Devrient (G+D) desenvolveram uma base técnica pioneira para a próxima geração de cartões de identificação nacionais alemães, que serão resistentes a ataques de computadores quânticos.
A iniciativa, em colaboração com o Gabinete Federal Alemão para a Segurança da Informação (BSI) e a Infineon, representa um marco na proteção de identidades digitais face aos riscos emergentes da computação quântica.
Desde a sua introdução em 2010, o cartão de identificação alemão, com funcionalidade de autenticação online, é considerado um dos documentos governamentais mais seguros do mundo. No entanto, com a evolução da computação quântica, que poderá um dia quebrar os atuais sistemas criptográficos, torna-se essencial garantir a segurança a longo prazo dos documentos emitidos, cuja validade é de dez anos.
O processo de transição para cartões seguros contra ataques quânticos ocorrerá em duas fases: primeiro, com a introdução de assinaturas digitais resistentes à computação quântica; depois, com a integração total de tecnologia pós-quântica.
“A Bundesdruckerei e a G+D são as primeiras na Alemanha a demonstrar que é possível implementar criptografia altamente segura e resistente a ataques quânticos em chips de identificação”, afirmou Kim Nguyen, Vice-Presidente de Inovação da Bundesdruckerei.
“A questão já não é se os computadores quânticos capazes de quebrar a criptografia atual vão existir, mas quando”, alertou Gabriel von Mitschke-Collande, membro do Conselho de Administração e Diretor Digital da G+D, sublinhando que a migração para a criptografia pós-quântica (PQC) é “essencial e inadiável”.
Os chips Infineon usados neste projeto foram concebidos para suportar implementações rápidas e resistentes a ataques de canal lateral dos algoritmos PQC, conciliando segurança reforçada com baixo consumo de recursos.
De acordo com Claudia Plattner, presidente do BSI, “é fundamental equipar os chips de identificação com criptografia pós-quântica, já que se prevê que até 2030 os computadores quânticos possam quebrar os algoritmos atuais”. A Alemanha, acrescenta, “assume assim um papel pioneiro na proteção dos documentos de identidade do futuro”.
Tanto a G+D como a Bundesdruckerei têm participado em projetos de investigação financiados pelo governo alemão (como o Aquorypt e o Quoryptan) e colaboraram com o Instituto Fraunhofer e a Infineon no desenvolvimento do primeiro passaporte eletrónico compatível com os padrões de segurança quântica, apresentado em 2022.
O projeto insere-se na estratégia europeia de transição para criptografia pós-quântica, que prevê a sua adoção em aplicações críticas até 2030, garantindo a segurança digital soberana na era da computação quântica.