A arte do desenho está de regresso a Setúbal com a 11.ª edição da Festa da Ilustração, organizada pela Câmara Municipal. O evento abriu na Casa da Cultura, com as exposições de Rachel Caiano e Yara Kono.

Na sessão de abertura, o vereador da Cultura, Pedro Pina, destacou que a “Festa da Ilustração é um espaço de Liberdade e que confere essa mesma liberdade aos artistas, que, ano após ano, usam as paredes dos vários espaços e equipamentos municipais”.

O autarca sublinhou que esta é uma festa “genuína, que Setúbal merece, feita de verdade artística e com muita inspiração percorrida em vários caminhos e com um trabalho de dessacralização de espaços ao longo destes onze anos”, expressando o desejo de que “se continue a realizar”.

O curador do evento, José Teófilo Duarte, do atelier DDLX, enalteceu o carácter singular da iniciativa: “É uma festa única, com atitude e autenticidade, que comunica e faz denúncia, que se preocupa com o que está a acontecer no mundo. Porque a ilustração não é apenas um ornamento.”

Na abertura do evento, que transforma Setúbal na capital dos desenhos, o curador recordou ainda que a ideia da Festa nasceu após o ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, em 2015, que vitimou vários ilustradores.

A convidada nacional deste ano, Rachel Caiano, apresenta na Galeria de Exposições da Casa da Cultura a mostra “Viagens à Volta de uma Linha”, patente até 30 de novembro. A exposição inspira-se nos livros “Roda Viva – A Menina e o Círculo” e “A Casa das Coisas”.

Segundo a ilustradora, as obras “seguem uma linha e fazem uma sequência de páginas, num caminho que não é linear, com paisagens oníricas, em género de sonho”. Já a “floresta” de cartazes produzidos para o espetáculo “procura cativar uma maior interação” com o público.

A artista convidada estrangeira, Yara Kono, apresenta “Zona de Conforto” no Espaço João Paulo Cotrim da Casa da Cultura, também até 30 de novembro. “Os livros são a minha zona de conforto e, raramente, exponho os originais. Trouxe os que achei mais interessantes, juntamente com alguns esboços.”

Este sábado, o evento continua com seis novas exposições espalhadas pela cidade. O percurso começa às 11h30, na Livraria Culsete, com “Contos Cantados”, de André da Loba, Prémio Nacional da Ilustração 2025, patente até 15 de novembro.

Às 15h00, o espaço A Gráfica recebe “Ilustração Portuguesa”, que reúne trabalhos de ilustradores de 2024 e 2025. A mostra pode ser visitada até 15 de novembro, de quinta a sábado, das 15h00 às 18h00.

Segue-se, às 16h00, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, “O Cruciverbalista”, de Paulo Novo e Paulo Freixinho, este último o único criador de palavras cruzadas em atividade no país. A exposição assinala os 100 anos desta arte em Portugal e fica patente até 5 de janeiro.

Às 17h00, na Casa Bocage, inaugura “Bug”, de André Ruivo, inspirada na catástrofe anunciada, mas nunca concretizada, da viragem do milénio. Pode ser visitada até 29 de novembro.

Mais tarde, às 18h00, abre na Galeria Municipal do 11 a exposição “Zé: Sempre o Mesmo”, de Jorge Silva, uma homenagem aos 150 anos de Rafael Bordalo Pinheiro. A mostra reúne interpretações do “Zé Povinho” por vários artistas e estará disponível até 6 de dezembro.

O dia termina às 19h00, no Museu de Setúbal/Convento de Jesus, com a inauguração de “Vidas entre o Mar e a Terra”, projeto artístico de Evanthia Tsntila e Luís Tibério, que presta homenagem às comunidades piscatórias, patente até 23 de novembro.

A Festa inclui ainda “Cartazes Ilustrados”, uma mostra cedida pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, distribuída pelas bibliotecas de Setúbal e Azeitão, até 30 de outubro, para assinalar o Dia Mundial do Livro e o Dia Internacional do Livro Infantil.

O programa integra várias atividades paralelas, como a oficina “Viagens à Volta de uma Linha”, nos dias 7 e 8 de outubro, conduzida por Cláudia Nóvoa e Rachel Caiano; a sessão de curtas de André Ruivo e conversa, a 11 de outubro, na Casa das Imagens Lauro António; e, a 18 de outubro, a apresentação do livro “Mário e o Comboio da Liberdade”, de Nuno Saraiva e Adélia Carvalho, no espaço A Gráfica.

No mesmo dia, às 18h00, encerra o programa com o lançamento do catálogo da exposição “Zé: Sempre o Mesmo”, apresentado pelo curador Jorge Silva, na Galeria Municipal do 11.