O potencial da bioeconomia ocupou um lugar de destaque entre os discursos dos decisores políticos no «Bioeconomy Changemakers Festival», organizado esta semana pela DG Investigação e Inovação da Comissão Europeia e acompanhado por eventos satélites independentes em toda a Europa.
O Festival visa ajudar a Comissão a recolher opiniões para uma atualização da Estratégia e do Plano de Ação para a Bioeconomia, prevista para 2025, com o objetivo de libertar o potencial transformador da bioeconomia.
Um dos eventos contou com o presidente da Cepi, Marco Eikelenboom, o CEO da Sappi Europe, bem como o vice-presidente executivo da Comissão, Maroš Šefčovič, e representantes da sociedade civil. O tema do diálogo foi a bioeconomia baseada nas florestas, que pode ser definida em termos gerais como abrangendo todos os intervenientes que dependem da biomassa florestal e que se tornou central para as políticas climáticas e industriais da UE. Num contexto que continua a ser difícil, o sector industrial europeu em geral, continua a representar 20% das empresas transformadoras da UE e emprega diretamente 4 milhões de pessoas, diz a Cepi.
Através da silvicultura e da circularidade, o setor permite explorar o potencial das florestas para absorver CO2 e para capitalizar sobre os benefícios decorrentes do armazenamento de carbono em produtos ao longo do ciclo de vida. A contabilização do carbono na UE é também positivamente afetada pela capacidade do setor para substituir os produtos de base fóssil pelos seus próprios. Atualmente, estima-se que o sector florestal permita o sequestro anual de 806 milhões de toneladas de equivalente CO2, o que corresponde à atenuação de 20% das emissões fósseis totais da UE. Um efeito pode ser reforçado se mais matérias-primas e produtos fósseis puderem ser deslocados.
Estima-se ainda que o setor cresça 7 biliões de euros a nível mundial até 2030. As empresas do setor provêm principalmente da Europa e embora a concorrência mundial esteja a aumentar, espera-se que a vantagem de antecipação permita, às empresas europeias, conquistar uma parte significativa do mercado em crescimento.
Jori Ringman, Diretor-Geral da Cepi, comenta: «A bioeconomia pode fazer muito, mas não tudo, e substituir toda a economia fóssil não é realista. A economia circular e a bioeconomia são sinérgicas e complementares, sendo ambas necessárias.»
Para acompanhar este crescimento, os biofabricantes necessitam de uma evolução correspondente na regulamentação que reflita a importância que os seus materiais e produtos desempenham na consecução dos objetivos climáticos da EU, diz a Cepi. A expansão dos modelos empresariais existentes e o desenvolvimento de novos modelos poderão permitir ao setor aumentar a redução das emissões de combustíveis fósseis na UE para, pelo menos, 30 % das suas atuais emissões de CO2 até 2030.
O crescimento dependerá também da capacidade do setor para aplicar o princípio da cascata: dar prioridade aos produtos de biomassa de maior valor, bem como promover um modelo que respeite a biodiversidade. Os representantes do setor concordam que é crucial que a conversão dos bio-recursos em produtos sustentáveis seja eficiente no que diz respeito à utilização de água, energia e materiais, reforçando o princípio de «fazer mais com menos» da economia circular.
O setor do biofabrico de base florestal está agora empenhado em prosseguir o diálogo com a Comissão Europeia. Não só para assegurar a viabilidade de um mercado de materiais, produtos e inovações à base de fibras e de origem sustentável, mas também para reforçar a circularidade e a neutralidade climática da Europa, avança a associação.