O mercado europeu de papel recuperado entrou em agosto sob forte pressão, com descidas que se fizeram sentir em Itália e sinais de fraqueza noutros países do continente.
Em Itália, a paragem de fábricas durante o período de férias e a procura interna enfraquecida contribuíram para uma nova redução de preços, sobretudo nas qualidades mais comuns. As exportações para a Ásia trouxeram algum alívio, mas não chegaram para compensar a falta de dinamismo doméstico. A situação foi agravada por níveis de stock elevados nas fábricas e por volumes de recolha particularmente baixos.
No Reino Unido, o cenário foi descrito como “largamente inerte”, com a atividade de recolha em níveis muito reduzidos, o que limitou a movimentação no mercado e manteve os preços sem grande evolução.
Também no conjunto da Europa verificou-se uma correção em baixa nos papéis de embalagem, como o OCC e os papéis mistos, com descidas que oscilaram entre 10 e 25 euros por tonelada. O fator determinante tem sido o excesso de stocks nas fábricas, que retira margem para absorver a oferta disponível.
A pressão sobre o setor não é nova e tem vindo a acumular-se ao longo dos últimos anos. Desde 2018, os preços de compra do papel recuperado foram reduzidos para cerca de metade, num contexto em que a oferta excede largamente a procura e em que o encerramento de destinos de exportação, como o mercado chinês, acentuou a dependência do consumo interno europeu.
Num ambiente marcado por incerteza, setembro surge dividido entre duas perspetivas: a de novos ajustamentos em baixa e a de uma possível estabilização, sustentada nas exportações para a Ásia e na escassez de recolha que tende a limitar a oferta.