No ano passado, das 90 milhões de toneladas de papel e cartão produzidas na Europa, 54.6% foram feitas a partir de fibras recicladas. A taxa de utilização de papel reciclado na indústria papeleira subiu 1.5% face a 2018 e atingiu o valor mais alto de sempre. Este valor acompanha o crescimento da taxa da reciclagem de papel, que aumentou para os 72%, face aos 71,7% em 2018.

Os dados compilados pela CEPI – Associação Europeia da Indústria Papeleira mostram que 84.2% da madeira consumida pela indústria é de origem europeia e 24% é proveniente de fontes circulares, nomeadamente resíduos de serralharias e outras indústrias que têm na madeira a sua matéria- prima.

Luís Veiga Martins, secretário-geral da CELPA, a associação portuguesa da indústria     papeleira,  sublinha que “estes resultados são excecionais e confirmam o empenho e o compromisso na sustentabilidade, na promoção da economia circular, quer dos consumidores quer da indústria. Ambos estão sintonizados na importância da reciclagem, adoptando comportamentos que permitem resultados históricos.”

A produção dos associados da CEPI, em que se inclui a CELPA e associações similares de mais 17 de países europeus, manteve-se estável no ano passado. Da produção total, 22% destina-se a mercados fora da Europa.

No segmento pasta, a produção cresceu 6,1% em 2019, fruto investimentos para aumentar a capacidade. As exportações também registaram um aumento de 48%.

Reciclagem por Freepik© Freepik

 

Luís Veiga Martins avisa, no entanto, que “nos primeiros cinco meses deste ano, e devido ao impacto da pandemia Covid-19, a produção de papel e cartão recuou 4,5%, ainda assim um valor relativamente pequeno, face à queda de 20,4% do conjunto das indústrias transformadoras. O efeito da Covid-19 na indústria da pasta e do papel foi menos pronunciado do que noutros sectores devido à resiliência intrínseca da nossa área”.  

Diminuição no consumo

No ano passado, o consumo de papel e de cartão diminuiu em consequência do abrandamento da economia na União Europeia, embora a

procura doméstica por produtos de higiene em papel se tenha mantido alta nos primeiros meses deste ano, assim como o consumo de embalagens para comércio electrónico.  

O secretário-geral da CELPA revela que “a pandemia pode trazer novas oportunidades, por exemplo, no segmento da embalagem. Mudanças nos modelos de produção são expectáveis, já que a atual crise expôs a falta de resiliência da economia europeia. Neste sentido, aumentar a produção industrial na Europa será um fator positivo para o sector papeleiro.”

No período de confinamento, a prioridade da indústria papeleira foi garantir que os produtos, nomeadamente alimentares, de saúde e de higiene, chegavam aos consumidores. A indústria da pasta e do papel esteve a trabalhar em pleno e articulou-se com as restantes indústrias para garantir a segurança e transporte apesar das restrições impostas pelo confinamento.

Já este ano, o desempenho do sector vai sofrer o impacto da contração económica do PIB, tanto na União Europeia como na Zona Euro e que a Comissão Europeia estima em -8,3% e -8,7%, respetivamente.

No entanto, para o próximo ano a economia da União Europeia já deverá crescer 5,8% e a da Zona Euro 6,1%, o que permite uma perspetiva positiva para a indústria do papel e do cartão, diz a CELPA.