Passados dois anos, voltamos a falar com Pedro Fragoso, o rosto do departamento do Grande Formato da HP em Portugal.
O que fez a multinacional entretanto? O que trazem de novo e de que forma olham para o futuro? Pedro Fragoso fala sobre a tecnologia, mas sublinha que a visão de negócio tem de ir para além do hardware.
Que análise dos últimos dois anos no mercado gráfico?
Estamos numa fase de consolidação da recuperação verificada após a pandemia. Se olharmos para diferentes indicadores de atividade verificamos que, a nível de produção, há sectores que já recuperaram os seus níveis pré-Covid, outros têm alguma margem de progressão e há também áreas que sofreram alterações estruturais significativas.
A instabilidade da situação macroeconómica também acrescenta alguma incerteza, apesar dos sinais de vitalidade que vamos recebendo. É necessário ter algum cuidado na análise, de modo a não generalizar uma realidade que não é de todo homogénea. No nosso segmento CAD, por exemplo, apesar de um crescimento anual a duplo dígito, ainda não atingimos ainda os níveis de atividade de 2019, fruto das alterações nos modelos de trabalho que todos experimentamos. Por isso acabámos de lançar as novas plataformas T850 e T950, precisamente para dar resposta aos desafios do trabalho híbrido. No mundo gráfico o cenário é distinto. A deterioração das condições de financiamento acarreta uma maior ponderação das decisões de investimento, mas, por outro lado, os níveis de produção são crescentes, pelo que estamos optimistas quanto à evolução deste sector em 2024.
Quais as quotas de mercado, nos diversos segmentos, em Portugal e na Europa?
Estamos presentes em diversos negócios com diferentes características. Diria que de uma forma geral os resultados de quota de mercado na Europa são positivos e Portugal é uma das regiões com melhor desempenho. Só temos de agradecer a confiança dos nossos clientes e parceiros de negócio.
Quais são as mais recentes propostas no vosso portefólio e quais os seus grandes argumentos de venda?
Estamos precisamente a anunciar uma série de lançamentos que já estão, ou vão estar muito em breve, disponíveis no mercado português. No mundo gráfico, destaque para a nova família Latex 630, que reúne as vantagens da tecnologia Latex de quarta geração, num formato mais compacto e acessível.
Estou em crer que oferecemos uma proposta de valor muito interessante para prestadores de serviços de impressão, não apenas com tecnologia fiável e diferenciadora, mas também facilitando a gestão e integração destes equipamentos e da sua capacidade produtiva em plataformas online, com as novas funcionalidades HP PrintOS Design & eCommerce.
No mundo da impressão empresarial de grande formato lançámos as novas DesignJet T850 e T950, impressoras pensadas para uma nova forma de trabalhar ficheiros CAD e posters desde A4 até A0, num único equipamento, de forma fácil e intuitiva.
Para o segmento dos Centros de Cópia e impressão departamental lançámos as novas DesignJet XL3800, capazes de debitar 6 impressões A1 por minuto, com qualidade e precisão impressionantes, que pensamos ser uma solução bastante atrativa, não apenas para o mundo da arquitetura e engenharia, mas também para impressão de posters e comunicação de interior.
Se falarmos em termos de unidades vendidas, como está a correr o ano de 2023?
No mercado gráfico, a evolução do número de unidades vendidas não tem acompanhado o crescimento dos volumes de impressão. O cenário macroeconómico com elevada incerteza, inflação e custos de financiamento mais onerosos tem tido impacto, nomeadamente no atraso das decisões de investimento. Mas estamos confiantes que, com o lançamento da nova plataforma HP Latex 630, vamos ter uma reta final de 2023 bastante animada.
Já no mundo DesignJet, a evolução em 2023 tem sido bastante positiva, em linha com os indicadores de atividade na construção e indústria.
Que balanço faz das últimas feiras em que estiveram presentes e o que destacaria?
Acabamos de encerrar a C!Print, que consideramos um grande sucesso. Tivemos a sorte e oportunidade de mostrar as novas HP Latex 630 ao mercado ibérico em primeira mão, não apenas no stand HP mas também nos 8 parceiros que estiveram presentes com os nossos equipamentos.
É sempre positivo retomar a dinâmica de feira e o contacto com os nossos clientes e revendedores é essencial num lançamento desta dimensão. Excedemos, por completo, as expectativas. Tenho de confessar que, neste momento, o nosso desafio é garantir mais disponibilidade deste produto para o mercado português e espanhol, pois já esgotámos todas as unidades que nos tinham sido alocadas a nível mundial.
Que momento vive a tecnologia digital em grande formato, da vossa perspetiva?
Creio que vivemos um momento de maturação, onde os nossos clientes não esperam apenas mais velocidade ou mais cores para imprimir, mas sim soluções mais integradas no seu fluxo de trabalho e instrumentos de diferenciação no negócio.
Temos consciência que a inovação tecnológica tem de ter um impacto positivo no dia-a-dia dos nossos clientes. Não pode ser uma mera procura por melhores especificações técnicas. O nosso desafio, como fabricante e como líder de mercado, é oferecer respostas, abrir portas e antever dificuldades.
Como podemos optimizar um plano de produção num contexto online? Como podemos utilizar a tecnologia para ter uma oferta mais versátil e diferenciadora? Como podemos assegurar a redução do impacto ambiental da nossa atividade? Como podemos certificar que os nossos equipamentos são seguros e não susceptíveis a ataques maliciosos? A evolução tecnológica por si só não é útil se não oferecer respostas e soluções a estes desafios.
Quais serão as próximas disrupções tecnológicas neste segmento?
O que define uma disrupção é a sua própria imprevisibilidade e, neste capítulo, temos de saber guardar os nossos segredos. Creio que o mercado reconhece uma aposta continuada da HP na evolução tecnológica deste sector, em todos os seus segmentos.
Onde entramos queremos liderar e conquistar a confiança dos nossos clientes. Tentamos sempre olhar para os diferentes mercados e entender de que forma podemos introduzir mudança positiva, quer a nível tecnológico quer ao nível das soluções de negócio.
Na minha opinião, muitas das evoluções surgirão a esse nível, na oferta de serviços ou na capacidade de oferecer modelos de negócio ajustados aos desafios empresariais que vivemos. Mas, sem esquecer os produtos!
De que forma antecipam a transformação da HP na evolução para a indústria 5.0 ?
Creio que o alcance das transformações são mais abrangentes e terão impactos, não apenas a nível da organização dos meios produtivos, mas a um nível mais profundo nas nossas sociedades, na forma como nos organizamos e como definimos o nosso futuro conjunto.
A inteligência artificial como tecnologia, embora não tenha atingido a sua total maturidade, já é aplicada e posta em prática na nossa oferta. O factor crítico será entender os limites dessa tecnologia e como nos articulamos com essas possibilidades e as colocamos ao nosso serviço, como forma de aumentar a nossa prosperidade e bem-estar.
Ninguém conhece totalmente essas implicações, mas, pelo menos no nosso horizonte, uma coisa parece-me clara: o engenho humano, a criatividade, a excelência, a capacidade de surpreender serão sempre fatores que nos distinguem. Também no nosso sector estes elementos são críticos para o sucesso.
A tecnologia terá um factor a desempenhar, libertando-nos de tarefas mais estandardizadas ou rotinas, otimizando e reduzindo o nosso impacto ambiental, mas também abrirá novas oportunidades, que provavelmente não nos parecem tão evidentes neste momento. O ser humano já passou por muitas transformações. Creio que temos de assegurar é que essa transição seja feita em proveito das nossas sociedades e a um ritmo que não deixe ninguém para trás.
O que podemos esperar até à drupa?
Para a Drupa não posso adiantar as possíveis novidades, mas neste último mês tivemos uma série de lançamentos em vários segmentos de negócio. A HP é uma empresa que está sempre atenta à necessidades do mercado e continuaremos a nossa aposta de forte investimento neste sector.