Será a Região Autónoma dos Açores o local ideal para Nómadas Digitais, como por exemplo profissionais das indústrias criativas? A resposta a esta questão esteve a debate no dia 11 de abril, nas instalações do TERINOV – Parque de Ciência e Tecnologia da Ilha Terceira, na apresentação do programa “Atração de Talento Digital para a ilha Terceira”, no âmbito do projeto Smart-Eco.
O projeto foi financiado pela União Europeia e desenvolvido nos últimos anos com o envolvimento de entidades dos Açores, Madeira, Canárias, Cabo Verde, Senegal e Mauritânia, com o objetivo de verificar de que forma estão desenvolvidas ou foram adotadas competências digitais para a melhoria da competitividade empresarial das regiões.
Foi realizado o benchmarking das capacidades digitais das empresas das referidas regiões e foi constatado “com surpresa”, diz Rui Valadão, Gestor de Desenvolvimento de Negócio e Incubação do TERINOV, que uma grande parte das empresas ainda não utiliza o potencial das ferramentas digitais, limitando-se a utilizar as mesmas para criar uma “montra” dos seus negócios. Além de aferir as capacidades tecnológicas instaladas e utilizadas pelas empresas, o projeto desenvolveu uma estratégia para a promoção e atração do talento digital para as regiões referidas, de forma a que possam ser criadas condições para que os profissionais nómadas possam descobrir as mesmas.
No debate, que decorreu após a apresentação dos principais resultados do projeto, sublinhou-se a importância da criação das infraestruturas, serviços de apoio e incentivos fiscais, por parte do Governo Regional e com o apoio de outras entidades públicas e privadas, para a atração de talento para a Região Autónoma dos Açores. A suportar tudo isso deveria haver uma forte campanha de comunicação, orientada para os mercados externos e para indústrias específicas, para melhor comunicar as condições de qualidade de vida e de potencial profissional que os Nómadas Digitais podem encontrar nas ilhas.
Nómadas digitais ou outros residentes?
O que antes era a exceção para alguns tornou-se uma prática comum após a pandemia da Covid-19. E as ilhas dos Açores têm diversas características que as tornam ideais para atrair o talento de quem pode trabalhar para qualquer parte do mundo, à distância, para as mais diversas indústrias.
Geograficamente bem posicionadas, nas ilhas portuguesas já é possível encurtar distâncias de deslocação para, por exemplo, os Estados Unidos ou a Europa, não sendo sempre necessário fazer um voo de ligação através do continente.
Com um clima ameno, muitas atividades quer em terra quer no mar, festividades e iniciativas culturais, as ilhas dos Açores podem ser o local ideal para a fixação de talento externo, ou até migrantes nacionais. Em suma, de todos os que procuram um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, longe da azáfama das grandes cidades industrializadas, com o benefício constante do contacto com a natureza.
Duarte Pimentel, Diretor Executivo do TERINOV, referiu que, apesar de ser positivo atrair um maior número de Nómadas Digitais, a Região Autónoma dos Açores teria mais a ganhar com a atração de profissionais que se possam fixar, por maiores períodos, e contribuir para o desenvolvimento social e económico das ilhas, enquanto beneficiam, eles próprios, de todas as mais-valias de viver na Região.