A Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas, de Embalagem e de Comunicação Digital (APIGRAF) reagiu ao texto de opinião subscrito por vários diretores de publicações nacionais. O texto original traçaum cenário de degradação da indústria de impressão e de asfixia das cadeias de distribuição, e a APIGRAF reage a sublinhar que o setor gráfico não é responsável pela crise da imprensa escrita em Portugal.
No exercício do direito de resposta publicado pelo Diário de Notícias, a APIGRAF considera que o texto de opinião, intitulado “Em defesa da imprensa, alerta à democracia”, associa de forma incorreta a situação atual da imprensa à alegada degradação da indústria de impressão. A associação sublinha que representa as empresas que imprimem jornais e revistas em Portugal e afirma que estas “em nada contribuíram” para a crise identificada pelos responsáveis editoriais.
O texto de opinião, subscrito por diretores de jornais generalistas diários, semanários, revistas de informação e títulos desportivos, alerta para o risco de vastas zonas do território nacional ficarem sem acesso à imprensa escrita, apontando como fatores críticos a fragilidade da distribuição, agora agravada pela situação de crise da VASP, único operador nacional, e a crescente opção de algumas publicações por imprimir fora do país, nomeadamente em Espanha. Segundo os signatários, esta realidade representa um prejuízo económico para Portugal e um risco acrescido para o acesso à informação, o combate à desinformação e a própria qualidade da democracia.
Na resposta, a APIGRAF reconhece a existência de uma crise na imprensa, mas rejeita a ideia de “degradação” da indústria gráfica, defendendo que as empresas do setor são unidades industriais geridas de forma profissional e tecnicamente capazes de assegurar a produção nacional. A associação sustenta que a impressão no estrangeiro resulta de opções estratégicas dos próprios editores e não da incapacidade das gráficas portuguesas, sublinhando que, sempre que os jornais chegam às bancas dentro dos prazos, tal se deve ao esforço da indústria gráfica nacional.
A APIGRAF alerta ainda que a manutenção prolongada da opção de impressão fora do país pode, essa sim, conduzir à asfixia das empresas nacionais de impressão, considerando-as vítimas e não agentes do problema descrito no texto de opinião. Apesar das críticas, a associação manifesta disponibilidade para dialogar com os signatários e colaborar na procura de soluções, reconhecendo que as repercussões sociais da situação justificam um “alerta à democracia”.
O debate surge num contexto de forte pressão sobre o setor dos media impressos, marcado por dificuldades económicas, alterações nos hábitos de consumo de informação e incertezas quanto à sustentabilidade dos modelos de distribuição, com impactos que atravessam toda a cadeia de valor, da produção editorial à impressão e à distribuição.