O Japão começou a circular as suas primeiras novas notas em 20 anos, com retratos tridimensionais dos fundadores de instituições financeiras e de educação feminina, numa tentativa de frustrar falsificadores.
As notas utilizam padrões impressos para gerar hologramas dos retratos virados em diferentes direções, dependendo do ângulo de visão, recorrendo a uma tecnologia que o Gabinete Nacional de Impressão do Japão afirma ser a primeira do mundo para dinheiro em papel.
"As caras daqueles que representam o capitalismo japonês, o empoderamento das mulheres e a inovação tecnológica estão nas novas notas", afirmou o Primeiro-Ministro Fumio Kishida.
«Estas notas vêm com os recursos de segurança mais recentes, incluindo hologramas 3D. Também foram feitos esforços para melhorar o design universal das notas, um design que atende a todos os tipos de pessoas e grupos. Por exemplo, os algarismos árabes que indicam o valor facial na frente e no verso das notas foram aumentados», explica UEDA Kazuo, Governador do Banco do Japão.
Os principais desenhos das notas, incluindo o retrato, são impressos utilizando o método de impressão em talhe-doce, em que a tinta é aplicada para criar um maior relevo.
As marcas táteis por impressão em talhe-doce com uma sensação texturizada são utilizadas para ajudar os indivíduos com deficiência visual a distinguir diferentes notas com os dedos. O texto "NIPPONGINKO" é impresso em microscript, que não pode ser facilmente reproduzido em fotocopiadoras.
Com recurso à luz ultravioleta, o selo do Governador do Banco do Japão na parte da frente, e parte do padrão de fundo em ambos os lados, tornam-se luminoso graças à utilização de tinta luminescente. Já a tinta pérola permite mostrar um padrão rosa que emerge no centro de cada extremidade da nota, quando inclinada.
A iniciativa surge num momento em que a economia entra numa fase de crescimento pela primeira vez em três décadas, acrescentou Kishida. As grandes empresas estão a aumentar os salários dos trabalhadores à taxa mais rápida em 33 anos, mas a inflação persistente, alimentada pelo rápido enfraquecimento da moeda yen, mantém o consumo e o ambiente de negócios lentos, reportam os dados económicos recentes.
As notas existentes continuarão em circulação, mas as estações de comboio, parques de estacionamento e lojas de ramen estão a atualizar as máquinas de pagamento, enquanto o governo incentiva os consumidores e empresas a usarem menos dinheiro, no esforço de digitalizar a economia.
A nova nota de 10.000 yen (62 dólares) retrata Eiichi Shibusawa (1840-1931), fundador do primeiro banco e bolsa de valores, frequentemente referido como "o pai do capitalismo japonês". A nova nota de 5.000 yen apresenta a educadora Umeko Tsuda (1864-1929), que fundou uma das primeiras universidades femininas no Japão, enquanto a nota de 1.000 yen retrata o cientista médico Shibasaburo Kitasato (1853-1931).
Embora Kishida tenha destacado a tecnologia mais recente para combater a falsificação, este não é um problema significativo no Japão. As 681 notas falsas detetadas pela polícia em 2023 representam uma queda acentuada em relação ao recorde de 25.858 em 2004. As autoridades planeiam imprimir cerca de 7,5 mil milhões de notas até ao final do atual ano fiscal, aumentando as 18,5 mil milhões de notas, no valor de 125 biliões de yen, em circulação até dezembro de 2023.
“O dinheiro é um meio de pagamento seguro que pode ser usado por qualquer pessoa, em qualquer lugar e a qualquer momento, e continuará a desempenhar um papel significativo” apesar das alternativas, disse o governador do banco central, Kazuo Ueda. O Banco do Japão tem experimentado com moedas digitais, mas o governo ainda não decidiu se irá emitir um yen digital.