No Plano de Recuperação e Resiliência, apresentado pelo Governo Português, estão estabelecidas várias rúbricas no âmbito da “Escola digital”. Entre as medidas anunciadas está a transição dos exames nacionais para um modelo digital até 2025, num investimento de 12 milhões de euros.

“Será ainda necessário promover reformas e investimentos que visem robustecer a  infraestrutura tecnológica das escolas, no que respeita a equipamentos, acesso à internet,  reforçar as competências digitais dos professores, desenvolver os conteúdos educativos digitais (com suporte em plataformas de ensino e aprendizagem a distância e de teletrabalho), desmaterializar os recursos didático-pedagógicos, as provas e exames nacionais e fornecer de computadores de uso individual às escola”, pode ler-se no Plano apresentado.

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O relatório faz uma correlação direta entre a aprendizagem e o acesso a tecnologia digital: “Segundo a edição mais recente do Relatório PISA, Portugal está entre os países da OCDE em que o número de computadores por escola (ponderado pelo número de alunos) tem uma correlação mais forte com as aprendizagens. Por outro lado, é dos poucos países da OCDE em que não houve evolução significativa no número de computadores portáteis nas escolas, de 2005 a 2018”.

As medidas contrariam a posição de investigadores da rede europeia E-Read  - Evolução da Leitura na Era da Digitalização, que estudou o impacto dos suportes digitais nos hábitos de leitura e aprendizagem. Desse estudo nasceu a Declaração de Stavanger, com o aval de mais de uma centena de cientistas, que pedem cautela na introdução de tecnologias digitais nas escolas, sob pena de regressão no desenvolvimento da compreensão da leitura e do pensamento crítico.

A compreensão de textos informativos longos é melhor em papel, dizem os investigadores, sobretudo quando há pouco tempo e disponibilidade para a apreensão do conhecimento. Isso verificou-se especialmente com os adultos e confirmou-se na faixa etária mais jovem, tornando-se relevante para os “nativos digitais” e ao longo do tempo.

Um investimento de 599M€ na transição digital 

O Plano delineia três investimentos a implementar, entre o Continente e Regiões Autónomas. O objetivo é assegurar o fornecimento de conectividade à internet de qualidade às escolas, assim como o acesso universal a equipamentos e recursos educativos digitais por alunos, professores e funcionários de apoio à gestão em contexto educativo.

O plano prevê ainda suprimir a carência de equipamentos especializados e estimular o prosseguimento para carreiras STEAM, superar a utilização de recursos educativos digitais no processo de ensino / aprendizagem e nos processos de avaliação e criar condições para a gestão do processo de transição digital no sistema educativo.

O plano prevê o alargamento da conectividade da internet da Rede Alargada da Educação para 300 Gbps; dotar pelo menos 90% das escolas com ligação com uma capacidade mínima de 1 Gbps e ter redes Wi-Fi, em todas as escolas do ensino básico e do ensino secundário da rede pública; criar cerca de 1300 Laboratórios de Educação Digital; dotar as escolas de equipamentos de projeção em 40 000 salas; disponibilizar recursos e conteúdos educativos digitais para 330 disciplinas; e adquirir 600 000 computadores de uso individual.