A economia europeia deverá registar um crescimento estável em 2026, apoiada pelo abrandamento da inflação, pela redução das taxas de juro e pela resiliência da procura interna, segundo o relatório Economic Outlook 2026 do Mastercard Economics Institute.
Para a zona euro, o estudo projeta uma expansão económica de 1,2%, acompanhada por uma descida da inflação para 1,8%, influenciada pela diminuição dos preços da energia, pela valorização do euro e pela redução dos custos das importações provenientes da China continental.
As previsões apontam para uma aceleração gradual da economia europeia, com destaque para a Alemanha, que deverá passar de um crescimento de 0,3% em 2025 para 1,2% em 2026, e para o sul da Europa, onde Portugal deverá crescer 2,2%, acima dos 1,9% de 2025, um ritmo semelhante ao esperado para Espanha (2,1%).
O relatório identifica ainda várias tendências regionais: no Reino Unido, o crescimento previsto é de 0,9% em 2026; na Europa Central e de Leste observa-se uma recuperação impulsionada pelo consumo e pelos cortes nas taxas de juro; já a região nórdica e a Suíça deverão beneficiar do dinamismo do turismo de luxo.
Do lado dos consumidores, o estudo nota que, apesar da melhoria dos indicadores económicos, prevalece uma postura cautelosa. Mantêm-se gastos seletivos e moderados, com preferência por experiências, compras de baixo valor, vestuário, cosméticos, entretenimento e restauração, bem como viagens terrestres. Em contrapartida, a procura por bens duradouros, como mobiliário e eletrónica, permanece mais fraca.
Outro ponto destacado é o avanço da digitalização das PME, que reforça o seu peso no retalho europeu: representam 32% do consumo em França, 25% na Alemanha e 20% no Reino Unido. A adoção de IA também surge como motor de transformação económica, passando da fase experimental para uma integração efetiva nos processos empresariais. Em 2024, cerca de 27,6% das empresas dinamarquesas utilizavam pelo menos uma tecnologia de IA, o dobro da média da UE.
Perspetivas para Portugal e Espanha
O relatório identifica quatro fatores centrais para o desempenho previsto de Portugal e Espanha:
- Imigração mais elevada, que reforçou a população ativa, ajudou a mitigar défices de competências e estimulou o consumo.
- Execução acelerada dos fundos NextGeneration EU, cuja vigência termina em 2026, incentivando o investimento público e privado.
- Mercados de trabalho resilientes, com criação de emprego e redução do desemprego.
- Crescimento salarial acima da inflação, que permitiu recuperar e superar os níveis de poder de compra pré-pandemia; em Portugal, o aumento dos salários excedeu significativamente a inflação.
Segundo Natalia Lechmanova, Chief Economist para a Europa no Mastercard Economics Institute, “a economia europeia em 2026 deverá crescer de forma estável, suportada pela descida da inflação, pela redução das taxas de juro e pela resiliência dos mercados laborais, embora com diferenças significativas consoante as políticas fiscais de cada país”. Para Portugal, a economista prevê um crescimento de 2,2%, continuando a superar a média da zona euro, tal como tem acontecido desde o período pós-pandemia.
“A adoção da IA está a sair da fase experimental para uma integração efetiva, impulsionando a produtividade e o crescimento”, acrescenta. Para a especialista, a combinação de inovação tecnológica, dinamismo das PME e melhoria dos indicadores do consumo reforça a resiliência da economia europeia no horizonte de 2026.