diz Vânia Ferreira, Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória
17 dias de feira, uma agenda cultural intensa, milhares de visitantes. O Outono Vivo voltou a colocar a Praia da Vitória no mapa literário nacional.
Conversámos com Vânia Ferreira, presidente da Câmara Municipal, sobre a importância deste evento, o impacto educativo e a nova parceria com a Letras Lavadas.
O Outono Vivo prolonga-se por 17 dias. Porquê esta duração e o que o distingue?
São 17 dias muito intensos. Não falamos apenas da feira do livro. Temos um cartaz cultural abrangente, com apresentações literárias, encontros com autores, espetáculos e momentos que dão palco a talentos locais. Temos ainda a vantagem de contar com dois edifícios interligados, o que permite criar ambientes harmoniosos e diversificados. No fundo, é uma festa da cultura, da literatura e das artes.
Que significado tem esta edição, que marca 20 anos do Outono Vivo?
É muito especial. São 20 edições com crescimento contínuo e com grande reconhecimento público. E há um elemento muito importante para nós: o trabalho com as crianças e jovens. Fazemos questão de trazer todas as escolas do concelho, garantindo transporte para que todas as crianças tenham contacto com os livros e com este ambiente cultural. É uma semente para o futuro: conquistar novos leitores é essencial.
Além das visitas, existe o apoio às bibliotecas escolares. Como funciona?
É uma iniciativa que já existe há alguns anos e que reforçámos este ano: cada biblioteca escolar recebe 250 euros para aquisição de livros na feira, tal como a Biblioteca Municipal e os ATLs. É um esforço financeiro, mas percebemos como é valorizado. Para nós, é essencial que as instituições possam atualizar os seus fundos e acompanhar as novidades editoriais.
Como surge a parceria com a Letras Lavadas?
Houve um momento de transição. A cooperativa cultural que apoiava o evento foi extinta e tivemos de internalizar o processo. Iniciámos um concurso público, que ficou deserto. No entanto, já havia contacto com o senhor Ernesto Resendes, da Letras Lavadas, e procurámos uma solução legal que permitisse uma parceria público-privada, como acontece noutros municípios. A Letras Lavadas é uma empresa sólida, reconhecida, e trouxe uma lufada de ar fresco, garantindo continuidade e inovação ao Outono Vivo.
Este ano ouvimos várias vezes que o Outono Vivo é a Feira do Livro dos Açores. Concorda
Concordo. Hoje, dentro e fora da região, há esse reconhecimento. Não existe outro evento com esta dimensão no arquipélago e os próprios números o demonstram: estamos no top 3 nacional em volume de vendas de feiras do livro. É uma grande responsabilidade, mas é também um motivo de enorme orgulho.
Ernesto Resendes (Letras Lavadas), Vânia Ferreira (Presidente da CM da Praia da Vitória) e Paula Borges de Sousa (Vereadora da Cultura)
O que ainda falta para maior apoio e projeção?
Já temos apoio financeiro e institucional por parte do Governo Regional, e isso tem evoluído. Este ano, pela primeira vez, tivemos o secretário de Estado da Cultura presente, algo que em 20 anos ainda não tinha acontecido. O reconhecimento está a crescer, mas é importante continuar a colocar o Outono Vivo no mapa, divulgar pelas ilhas e reforçar o envolvimento institucional.
Ao longo das várias edições, qual destacaria como a mais marcante?
Todas tiveram o seu sabor, mas certamente destaco o ano passado, que foi quando internacionalizámos o Outono Vivo. Foi o primeiro ano em que dissemos: “Este evento está verdadeiramente nas nossas mãos e tem o nosso cunho.” Mas este ano também é especial: temos um novo parceiro livreiro, novas ideias, e sentimos que estamos a consolidar o caminho.
Para quem ainda não visitou a feira, o que destacaria nos próximos dias?
Ainda temos grandes autores, apresentações importantes, iniciativas como o Prémio Literário e programação musical diferenciadora. Há iniciativas como o roteiro literário pela cidade e os espetáculos culturais que enriquecem muito o programa. Há muito para viver até ao último dia.
Em poucas palavras, o que representa, então, o Outono Vivo?
Representa continuidade, identidade, futuro e comunidade. Representa a cultura açoriana com ambição e capacidade de projeção. E representa a certeza de que, ao colocar os livros e a leitura no centro da vida pública, estamos a construir um futuro mais rico e mais culto para todos.