Já inaugurada na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, “Não Faço” reúne o trabalho dos finalistas de 2025, desafiando convenções e abrindo espaço à dúvida, à recusa e à afirmação.
O projeto coletivo que marca o final de ciclo dos estudantes finalistas da ESAD.CR está patente na instituição até 7 de junho, das 10h às 22h. A mostra ocupa vários espaços da escola, reunindo criações de licenciaturas, mestrados e cursos técnicos, e propõe uma reflexão provocadora sobre o que significa ser criador num tempo que exige certezas instantâneas.
Mais do que uma exposição de fim de curso, “Não Faço*” é uma declaração de princípios — ou a recusa deles. A escolha do título, inacabado e com um asterisco, abre caminho a múltiplas interpretações: “Não faço parte”, “Não faço ideia”, “Não faço puto”. Cada enunciação possível é, por si só, uma peça do discurso que esta geração de artistas e designers constrói.
Não fazer é, afinal, fazer muito
Entre projetos gráficos, instalações, objetos, vídeos, edições e performances, os trabalhos apresentados não procuram conclusões fáceis. Pelo contrário: espelham processos, experimentações, falhas e descobertas no percurso académico e artístico que a ESAD.CR cultiva.
A exposição resulta de um trabalho colaborativo extenso, com comissários docentes e sub-comissários estudantes, envolvendo áreas como Artes Plásticas, Design Gráfico e Multimédia, Design de Produto, Teatro, Som e Imagem, entre outras. O catálogo editorial e o design da exposição também nasceram de dentro: estudantes do 2.º e 3.º anos assinaram a programação, curadoria e identidade visual, com acompanhamento docente.
“Mais do que um jogo linguístico, ‘Não Faço*’ reflete a essência do processo artístico e académico: trabalhar sem certezas, errar, experimentar, construir significados durante o percurso”, lê-se na apresentação curatorial.
Com coordenação geral de Carla Cardoso e Lígia Afonso, a exposição representa o culminar de um percurso de vários anos de formação. Cada sala, cada peça, é ao mesmo tempo um fecho e um começo, uma forma de dar voz às perguntas que continuam a ressoar quando o diploma chega às mãos.
Com a abertura oficial a 4 de junho, a exposição decorre até sábado, 7 de junho, e continua a receber visitantes, colegas, professores, familiares e membros da comunidade artística.