Sustentabilidade

Foi na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que a The Navigator Company anunciou o objetivo de antecipar em 15 anos, relativamente ao compromisso da União Europeia, a neutralidade carbónica. Para isso vai investir, em várias ações e modernizações, um total de €158 milhões.

O Sustainability Forum (Fórum de Sustentabilidade) arrancou com a intervenção do CEO da Navigator, João Castello Branco, que anunciou os planos do grupo para conseguir que todas as suas unidades industriais sejam neutras em termos de emissão de carbono, até 2035.

António Castello Branco, CEO da The Navigator Company

O CEO da companhia fez a leitura de uma carta de António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, endereçada aos participantes do evento. “A ciência é irrefutável e o caos climático já está a acontecer em tempo real. Pude constatá-lo com os meus próprios olhos. De Moçambique às Bahamas, passando pelas pequenas ilhas do Pacífico Sul, visitei países que sendo os que menos contribuem para esta crise global são os que mais sofrem”, dizia a missiva.

“O desafio é grande, exige muito mais ambição, mas sabemos que existem soluções. (…) A participação ativa do setor empresarial é essencial”, acrescentou António Guterres. Uma ideia reforçada por António Castello Branco, que diz ser “fundamental fazer um trabalho de parceria”.

Pedro Siza Vieira, Ministro Adjunto e da Economia, começou por fazer um relato do que viu, e o que ouviu da boca da população da ilha das Flores, uma das mais fustigadas pelo furacão Lorenzo, que assolou a região no final de setembro.

Mas assinalou também o trabalho que tem sido desenvolvido, como a reformulação dos dispositivos de combate ao fogo florestal, os investimentos realizados na prevenção e a melhoria na coordenação entre as forças.

Filipe Duarte Santos, especialista em alterações climáticas e professor na Universidade de Lisboa, alertou para a urgência no trabalho de gestão florestal já que, se não apostarmos na reflorestação agora, mais tarde os solos não terão a capacidade para receber novas plantações, precisamente devido às alterações que se têm feito sentir.

Muito mais do que eucaliptos

A The Navigator Company utiliza, como matéria-prima, o eucalipto para a produção do papel. Mas a sua atividade florestal vai muito além do cultivo dessa espécie. Paula Guimarães, responsável de Sustentabilidade, falou acerca do trabalho de gestão de 110 mil hectares de floresta e da discussão acerca das florestas naturais ou plantadas.

Paula Guimarães, responsável da Sustentabilidade

“As florestas plantadas representam 7% da área mundial, mas contribuem para satisfazer 33% das necessidades comerciais”, diz Paula. “Defendemos que as florestas plantadas são uma forma de reduzir a pressão colocada nas florestas naturais que ainda existem no nosso planeta”, adianta.

Embora seja necessário contribuir para a reflorestação, é necessário ter cuidado na forma como isso é feito. As florestas têm de ser plantadas nos locais adequados e geridos da forma correta. A Navigator faz mais do que plantar eucaliptos. Planta Pinheiro Bravo, Pinheiro Manso, Sobreiro e outras espécies no interesse da conservação. Planta entre 2500 a 3000 hectares por ano e produz cerca de 9,6 milhões de plantas nos Viveiros Aliança.

As florestas sob gestão da empresa, em Portugal, têm um stock de carbono, excluindo o carbono no solo, equivalente a 5,4 milhões de toneladas de CO2. Este montante é o equivalente às emissões que seriam geradas por 1,5 milhões de carros a percorrer uma distância equivalente ao perímetro do planeta.

Nas áreas de proteção da natureza (cerca de 11 mil hectares, mais de 10% da área total) protege 235 espécies de fauna e 740 espécies de flora, um número de espécies que tem vindo a aumentar, contrariando a tendência mundial.

No início deste ano foi a única empresa portuguesa a receber a classificação de líder global no combate às alterações climáticas, pelo Carbon Disclosure Project (CDP), alcançando um lugar de destaque na lista “A” desta organização internacional.

A importância da partilha de experiências e conhecimentos

O Fórum de Sustentabilidade da The Navigator Company é uma iniciativa que visa potenciar a colaboração entre a Navigator e as várias entidades e personalidades que fazem parte da sua esfera de atuação, desde organizações da sociedade civil a Universidades, passando por clientes e fornecedores.

Luís Ribeiro, da revista Visão, com António Martins da Costa, Administrador Executivo da EDP,  António Rios Amorim, Presidente e CEO da Corticeira Amorim,  Francisco Ferreira, Presidente da ZERO,  Nuno Lacasta, Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente

O Fórum de Sustentabilidade reúne duas vezes por ano, com uma sessão dedicada aos Membros Permanentes e outra alargada a vários interessados. As sessões alargadas têm um tema central, alvo de debate e aprofundamento, contribuindo para a formulação da política corporativa e estratégica em assuntos de responsabilidade social e ambiental, potenciando plataformas de entendimento e cooperação entre a Navigator e os seus principais stakeholders.

Paulo Ferreira, do ECO - Economia Online modera um painel com Isabel Barros, CHRO & Administradora Executiva da Sonae MC, Luís Mesquita Dias, CEO da Vitacress,  Nuno Santos, Administrador Executivo da The Navigator Company  e Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta Cafés

O encontro contou com a participação de organismos como a Agência Portuguesa do Ambiente, a Associação ZERO, a Corticeira Amorim, a Delta Cafés, a EDP, a Sonae e a Vitacress. Houve a partilha de diversas iniciativas por cada uma das entidades e todas concordaram que o caminho para a sustentabilidade é feito em parceria, com uma profunda alteração de hábitos enraizados e com um esforço considerável em pesquisa e desenvolvimento. Um trabalho que é de todos e que pode representar uma mudança radical na forma de vida da sociedade moderna.

No total, já se realizaram oito sessões do Fórum de Sustentabilidade, que contaram com mais de 600 participantes.