Rosalina Machado, que em 1986 se tornou presidente da Ogilvy & Mather Portugal, faleceu a 25 de janeiro, aos 80 anos, devido a doença prolongada. Pioneira e empreendedora, foi a primeira mulher portuguesa presidente de uma multinacional e a primeira em todo o mundo a dirigir os destinos de uma sucursal da Ogilvy, na altura com 58 escritórios a nível global.
Durante duas décadas liderou os destinos da organização e nos últimos quatro anos da sua ligação à empresa foi chairwoman, cargo que deixou em 2009 para se dedicar a um novo desafio: a restauração. Rosalina e o marido eram proprietários do restaurante Belcanto, que venderam posteriormente ao chef José Avillez. Participou ainda em áreas como o imobiliário e a metalomecânica através da empresa familiar, a FTM Holdings.
Segundo Francisco Costa, diretor de serviço a clientes da BAR Ogilvy, que trabalhou com ela mais de uma década, “a Rosalina deixava, em tudo o que fazia, um sorriso, uma felicidade, uma alegria contagiante. Marcou, várias gerações de publicitários, com a sua atitude positiva, com a sua profunda honestidade e a certeza de que as empresas são pessoas. Pessoas que ela apoiava, incentivava e ajudava mesmo fora do universo profissional. Rosalina Machado sabia que a felicidade é o bem mais valioso de uma empresa.”
Nunca recusou um bom desafio dizendo algumas vezes sobre isso: “Não saberia viver de outra maneira!”. Chegou a ser apelidada de “Dama de Ferro”, mas nunca deixou de mostrar o seu lado humano. Numa entrevista à revista Caras, em 2013, afirmou: “Nunca escondi quando não sabia algo ou tinha dúvidas. E continuo a ter muitas dúvidas na vida! Só os ignorantes é que não têm dúvidas”.
Será também recordada por ultrapassar muitos obstáculos na década de 70 do século passado, onde o trabalho e, sobretudo, o empreendedorismo e liderança no feminino, eram praticamente inexistentes.
Rosalina faleceu um dia depois do marido, Francisco Machado, que foi vítima da COVID-19.
