Protesto na VenezuelaJá foram encerrados mais de dez jornais regionais e a falta de papel jornal pode levar ao desemprego de milhares de pessoas na Venezuela. O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa já apelou ao presidente Nicolás Maduro para que actue face às dificuldades dos órgãos de comunicação.

Numa carta enviada ao presidente, o sindicato refere: “os nossos lugares de trabalho podem perder-se pelo efeito da crise em que se encontram as empresas para as quais prestamos serviço(…). É um facto notório (...) que, para continuar circulando, vários diários reduziram as suas páginas, mas a escassez de papel é cada dia mais crónica e ameaça a continuidade das operações".



O SNTP apela ao respeito pela constituição e à atribuição de recursos que permitam a importação do papel que vai permitir preservar os postos de trabalho após a normalização das operações. "O 'El Impulso', que tem 110 anos, o 'El Universal' (105 anos) e o 'El Nacional' (71 anos) empregam 284, 830 e 504 trabalhadores diretos, respetivamente", aos quais há a somar "uma grande quantidade de trabalhadores indiretos, distribuidores, 'pregoneros' (pessoas que vendem os jornais na rua) e os homens dos quiosques" referem eles.


A origem do problema

Desde 2003, um sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país obriga as empresas a recorrerem às autoridades para ter acesso aos dólares oficiais para as importações. Num comunicado, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) acusa o Governo venezuelano de impedir a importação o que implica que se "fechem os jornais, mediante a subtil medida de negar-lhes as divisas para que assim não possam importar papel e outros produtos que não se produzem no país".

O governo ripostou através da ministra venezuelana da Comunicação e Informação, Delcy Rodríguez, que acusa as editoras de irregularidades no uso de divisas destinadas à compra de papel para imprimir, vendendo metade das divisas no mercado negro do dólar.